Preservação oncológica da Fertilidade

As recomendações para a preservação da fertilidade em pacientes com câncer exigem que se respeitem níveis de evidência e grau estabelecidos de acordo com a “ESMO Clinical Practice Guidelines for fertility preservation in cancer patients”. Como informação, colocamos abaixo esses parâmetros.

Níveis de evidência

I – Evidência de pelo menos um estudo controlado randomizado com boa qualidade metodológica ou meta-análises de estudos randomizados sem heterogeneidade.

II – Estudos randomizados com pequena casuística ou estudos randomizados grandes, mas com baixa qualidade metodológica, ou meta-análises com demonstrada heterogeneidade.

III – Estudos prospectivos de coorte.

IV – Estudos retrospectivos de coorte ou estudos de caso-controle.

V – Estudos sem grupo controle, relatos de caso, opinião de especialistas.

Graus de recomendação

A –  Forte evidência de eficácia com benefício clínico, fortemente recomendado.

B – Forte ou moderada evidência de eficácia, mas com benefício clínico limitado, geralmente recomendado.

C – Insuficiente evidência de eficácia, ou benefício que não compensa riscos ou desvantagens; opcional.

D – Evidência moderada contra eficácia ou para resultados adversos; geralmente não recomendado.

E – Forte evidência contra eficácia ou para resultados adversos, não deve ser recomendado.

Recomendações 

  1. A gravidez não deve ser desencorajada em mulheres sobreviventes de câncer. (III A)
  2. As mulheres em idade reprodutiva que serão submetidas a tratamentos oncológicos devem ser abordadas e encaminhadas a um centro de medicina reprodutiva para discussão dos métodos de preservação da fertilidade. (V A)
  3. O método de escolha preferencial para a preservação da fertilidade é a criopreservação de oócitos. (III A)
  4. A criopreservação de embriões não deve ser o método de escolha, visto os problemas éticos e legais que podem advir da má evolução da doença da mulher. (VB)
  5. A criopreservação de tecido ovariano ainda é método experimental podendo ser oferecido para meninas pré-púberes ou mulheres com contraindicação à estimulação ovariana. (III A)
  6. Os análogos agonistas do GnRH podem apresentar algum grau de proteção da reserva ovariana durante a quimioterapia, mas não devem ser oferecidos como único método de preservação da fertilidade (II C).
  7. A estimulação ovariana pode ser realizada em pacientes com câncer e sugere não ter efeitos adversos na sobrevida ou recorrência da doença (III A).
  8. O início da administração medicamentosa pode dar-se em qualquer fase do ciclo menstrual (“random-start”) sendo eficiente e permitindo que o tratamento oncológico não sofra retardo significativo (II A).
  9. Nos casos de preservação da fertilidade, o desencadeamento da maturação folicular final deve ser sempre feito com GnRH-a. (III A)
  10. Nos casos de tumores estrogênio dependentes como do câncer de mama ou endométrio, protocolos específicos devem ser empregados, com o uso de medicações adjuvantes como o letrozole. (III A).
  11. Os tumores de ovário “borderline “ou epiteliais em estágios iniciais podem ser submetidos à punção ovariana não havendo evidências de piora da evolução da doença. (IV B).

 

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